Adolescentes in the USA

Pense em adolescentes americanos. Vem logo na mente aquelas imagens de personagens bem delimitados que invadiram o cinema e as televisões aqui no Brasil. São sempre os mesmos: O esportista, a patricinha, o nerd, o esquisito, o valentão, etc. Há quem diga que o mesmo acontece em escolas aqui do Brasil, mas no meu caso nada parecido aconteceu nas escolas que estudei, não como nos filmes. Tinha as zoações, os valentões que brigavam entre si. Mas não do nível que vi nos filmes em minha adolescência.
As coisas ficaram tão graves por lá, que vimos coisas bárbaras acontecerem nas escolas ocasionadas pela acentuação de problemas decorrente dessas relações escolares. E como a vida de um adolescente basicamente é escola e casa, família e educação escolar foram e ainda são apontados como soluções e problemas ao mesmo tempo. O cinema acabou incorporando essa discussão durante várias gerações produzindo diversos filmes desse público e para o mesmo. A maioria dos filmes pareciam apenas dar legitimidades a esses personagens, que por se repetirem tanto nos filmes para esse público podemos supor que eles são criados e reproduzidos nessas escolas. A maioria não criticava esses papéis sociais. Alguns filmes procuraram de maneira divertida ou reflexiva abordar os problemas da adolescência representados nesses personagens. Uma maneira interessante de ver como eles foram representados no cinema é pegar filmes de épocas diferentes e assistir e fazer a comparação. Peguei um clássico: O clube dos cinco.

Este filme coloca seis adolescentes que cometeram algum delito numa mesma sala com a tarefa dada pelo diretor de escreverem uma redação sobre quem são e o que fizeram para estarem ali. Sendo de grupos muito diferentes eles acabam se aproximando e vendo que possuem pontos em comum. Todos tem queixa de seus pais, e todos tem algum problema em sua vida escolar. Alias, a escola, representada pelo diretor estaria ali, não para solucionar nada, apenas para rotular e punir. Os pais, nem aparecem no filme, mas são colocados como responsáveis por maus tratos, criarem pressão para terem bons resultados, ignorarem seus filhos. Mas o foco esta nos adolescentes e seus papeis, que são questionados pelo longa. O filme procura aproximá-los e colocar essa hierarquia de grupos para fora, mostrar que são adolescentes e que se parecem. O filme foi lançado em 1985, mas colocava, ainda que de forma breve, o problema dos adolescentes transformarem pressão social em violência. No filme o personagem Brian confessa aos novos amigos que estava na detenção por ter sido encontrado uma artefato no seu armário. Seria um prenúncio que estava por vir? Como sabemos, muitos filmes vieram depois retratando esses estereótipos de nerd, patricinha etc. Colocando ora um ou outro em destaque sem se aprofundar muito nos problemas. Depois de vários ataques de atiradores adolescentes em escolas americanas, o cinema passou a fazer filmes conciliatórios, onde esses personagens foram mais humanizados procurando conciliar as diferenças existentes no ambiente escolar. Os filmes High School Musical seguiram essa receita e é só um exemplo. Séries de tv nem vou citar pois foram muitas que seguiram essa tendência.  Então, chegou o dia em que pais, escolas e vida social como os vilões dos adolescentes pareceram não dar conta dos problemas deles. A vida moderna com as novas tecnologias da informação e as novas relações chegaram para dar uma força nos problemas da adolescência. Aí chegamos no outro filme que escolhi para comparar. Não é bem um filme adolescente, e também não há papéis tão bem definidos como os já citados. Mas colocam novos problemas dessa geração e os das famílias ao qual pertencem. É o filme homens, mulheres e filhos.
Esse longa traz os problemas mais atuais nas relações de adolescentes e também de seus pais, que sempre influenciarão a vida de seus filhos, mas que nem sempre terão controle total de seus filhos e isso também pode se tornar um problema. O interessante é que um personagem adolescente tem personalidades que não se enquadram totalmente na tradicional divisão de papéis tradicional de nerd, patricinha, esportista e valentão.
 Bom, vale a pena ver os dois filmes que apresentam dois pontos de vista datados. Eles, os filmes, são ótimos para refletir sobre adolescência em gerações diferentes e como o cinema os abordou. Ainda que falem dos adolescentes norte-americanos, vivemos em um mundo conectado e problemas de lá podem existir por aqui também.

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